HORNBY, Nick. Frenesi Polissilábico. Rio de Janeiro: Rocco, 2009. 264pp.
Subtítulo: "O diário de Nick Hornby: um leitor que perde as estribeiras, mas nunca perde a esperança."
Introdução:
"Comecei a escrever esta coluna no verão de 2003. (...) Desde então,
minha escolha de livros não tem tido pé nem cabeça: tem sido uma
bagunça."
"(...)
parecia divertida a ideia de escrever sobre a experiência da leitura,
ao contrário de escrever sobre livros isolados. No início de minha
carreira literária, escrevi resenhas sobre muitas ficções, mas eu tinha
que fingir, como todo crítico, que eu havia lido os livros fora do
espaço, do tempo e do self; ou seja, tive de fingir que não os tinha
lido quando estava cansado e irritado, ou bêbado, que eu não senti
inveja do autor, (...). Acima de tudo, eu tinha de fingir que eu não
escrevera a crítica para sair da pindaíba e descolar uma grana." (p.13)
"Não
tenho muito interesse particular em língua. Ou melhor, interesso-me
pelo que a língua pode fazer por mim, e passo muitas horas por dia
procurando garantir o máximo de simplicidade à minha prosa. Porém, não
espero escrever uma prosa que atraia a atenção para si mais do que para o
mundo que ela descreve, e com certeza não tenho paciência de lê-la.
(Esse tipo de escrita tende a ser admirado pelos críticos mais do que
pelos leitores [...]) (p.15)
"Não
estou tentando argumentar que os livros de qeu gosto são 'melhores' do
que os escritos de maneira menos clara; estou simplesmente ressaltando
meus gostos e limitações como leitor."
"(...)
muitas vezes escolhemos fazer qualquer coisa, menos ler; (...) a
leitura parece mais trabalhosa do que assistir à TV, e geralmente é
mesmo (...)."
"Tenho
a impressão de que um dos problemas é que incutimos na cabeça que o
livro para ser bom tem de dar trabalho pra ler." (p.16)
"Se
quisermos que a leitura sobreviva como forma de lazer, temos então de
promover as alegrias da leitura e não os benefícios (dúbios). Eu jamais
tentaria dissuadir alguém de ler um livro. Mas, por favor, se você
estiver lendo um livro simplesmente sacal, coloque-o de lado e vá ler
outra coisa, da mesma forma com que pegaria o controle remoto caso não
estivesse gostando de um programa de TV. Se não conseguir curtir um
romance altamente recomendado e aclamado, não fique achando que você é
um tapado (...). Só sei que quando a leitura está enchendo o saco, pouco
conseguimos extrair dela. O livro cai no esquecimento, não aprendemos
nada com ele, e, mais tarde, a pessoa acaba preferindo assistir ao Big Brother." (p.17)
"E
por favor, pelo amor de Deus, parem de fazer pouco caso daqueles que
estão lendo e curtindo um livro - O Código da Vinci, por exemplo. (...)
Não quero dizer que todos deveríamos estar lendo romances
água-com-açúcar ou suspenses baratos (...), estou simplesmente dizendo
que virar páginas não deve ser como caminhar num pântano com lama até a
cintura. Os livros são para ser lidos, e se você achar que não dá pé,
provavelmente a culpa não é de sua incapacidade: às vezes, os 'bons'
livros podem ser bem ruinzinhos." (p.19)
"Pelo amor de Deus, largue esse livro. Você nunca chegará ao final dele. Comece a ler outra coisa." (p.20)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Ao citar trechos de livros, coloque-os entre aspas e indique o número da página (entre parênteses).