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17 julho 2013

PELE NEGRA, MÁSCARAS BRANCAS

FRANTZ FANON. Pele Negra Máscaras Brancas. Salvador: EDUFBA, 2008.
"Por que escrever esta obra? Ninguém a solicitou. E muito menos aqueles a quem ela se destina. E então? Então, calmamente, respondo que há imbecis demais neste mundo. E já que o digo, vou tentar prová-lo. Em direção a um novo humanismo...
À compreensão dos homens... Nossos irmãos de cor... Creio em ti, Homem...
O preconceito de raça... Compreender e amar...
De todos os lados sou assediado por centenas de páginas que tentam impor-se a mim. Entretanto, uma só linha seria suficiente. Uma única resposta a dar e o problema do negro seria destituído de sua importância.
Que quer o homem? Que quer um negro?
Mesmo expondo-me ao ressentimento de meus irmãos de cor, direi que o negro não é um homem." (p. 26)

16 julho 2013

A CAVERNA

SARAMAGO, José. A Caverna. São Paulo: Companhia das Letras. 2000. 350pp.

"O homem que conduz a camioneta chama-se Cipriano Algor, é oleiro de profissão e tem sessenta e quatro anos, posto que à vista pareça menos idoso. O homem que está sentado ao lado dele é o genro, chama-se Marçal Gacho, e ainda não chegou aos trinta. De todo modo, com a cara que tem, ninguém lhe daria trinta anos. Como já se terá reparado, tanto um como o outro levam colados ao nome próprio uns apelidos insólitos cuja origem, significado e motivo desconhecem. O mais provável será sentirem-se desgostosos se alguma vez vierem a saber que aquele algor significa frio intenso do corpo, prenunciador de febre, e que gacho é nada mais nada menos que a parte do pescoço do boi em que assenta a canga." (p. 11)
"Cipriano Algor limpou a boca ao guardanapo, pegou no copo como se fosse beber, mas pousou-o sem o levar aos lábios. Diga, fale, insistiu a filha, e para abrir-lhe caminho ao desabafo perguntou, Ainda está preocupado por causa de Marçal, ou tem algum outro motivo de cuidado. Cipriano Algor deitou a mão no copo, bebeu de um trago o resto do vinho, e respondeu rapidamente, como se as palavras lhe queimassem a língua, Só me ficaram com metade do carregamento, dizem que passou a haver menos compradores para o barro, que aparecem à venda umas louças de plástico a imitar e que é isso que os clientes preferem, Não é nada que não devêssemos esperar, mais tarde ou mais cedo teria de suceder, o barro racha-se, esboicela-se, parte-se ao menor golpe, ao passo que o plástico resiste a tudo e não se queixa, A diferença está em que o barro é como as pessoas, precisa de queo tratem bem, O plástico também, mas é certo que menos [...]. (p. 33)"